Rodrigo Mora tem apenas 18 anos — mas já sabe o que é ser tratado como um salvador. A época passada foi dele. Golos, assistências, dribles de levantar estádios e uma legião de adeptos que jurava que estávamos a ver nascer um novo Deco. Só que em 2025, nem Deco, nem dragão: o menino de ouro começa no banco.
Sim, no banco.
E não é por falta de talento. A questão é que chegou Farioli. E com ele, ideias novas, nomes novos, espaços novos… mas não para Rodrigo.
No 4x3x3 que se desenha para esta época, o papel de mágico no meio-campo está a ser brilhantemente ocupado por Gabri Veiga. À frente, nas alas, Borja Sainz e um recuperado (e elétrico) Pepê fazem miséria com e sem bola. Lá atrás, Froholdt impõe ordem, talento e músculo. Está tudo a funcionar. E Mora? Mora está à espera.
Mas antes que digam que foi ultrapassado, calma. O Dragão parece finalmente ter voltado a ser… equipa. Com setores próximos, pressão agressiva, solidariedade em campo e uma ideia de jogo que se reconhece. O pesadelo da última época parece enterrado. E isso, para já, é mais importante do que qualquer individualidade.
Só que há craques que não se ignoram por muito tempo. Rodrigo Mora é um deles.
Quem o viu contra o Atlético, nos amigáveis, sabe do que falo. Entrou com fome. Deixou marca. Por pouco não fez golo. Tem aquilo que poucos têm: a capacidade de mudar o jogo sozinho. Mas num FC Porto mais coletivo, talvez precise de reaprender a brilhar… com os outros.
E talvez seja esse o verdadeiro desafio.
Rodrigo Mora vai ter de esquecer a época passada — e os aplausos fáceis — para conquistar um novo espaço, mais exigente, mais tático, mais trabalhado. Não como salvador, mas como peça de um todo.
E isso, para um prodígio de 18 anos, pode ser o melhor que lhe podia acontecer.