José Mourinho regressou ao Benfica 25 anos depois da sua curta passagem em 2000. Mas se nessa altura era um jovem treinador ambicioso e arrogante, capaz de incendiar qualquer sala de imprensa com convicção e ousadia, agora regressa como um técnico experiente, pragmático e mais contido nas palavras. A grande questão é: será esta versão de Mourinho suficiente para devolver impacto imediato às águias?
Na sua primeira passagem, Mourinho deixou sinais claros do que viria a ser. Pouco depois, no FC Porto, afirmou sem rodeios que seria campeão — e cumpriu, tornando-se num dos treinadores mais revolucionários da história do futebol português. Era um general jovem, irreverente e implacável, cuja arrogância se confundia com confiança inabalável. Foi essa postura que lhe valeu o estatuto de “Special One”.
Hoje, aos 62 anos, Mourinho regressa a Lisboa com um discurso diferente. A apresentação mostrou um técnico que valoriza a estrutura, pede paciência e apela à união, em vez de prometer títulos ou desafiar rivais. O “velho” Mourinho parecia respirar fogo; este, mais experiente, preocupa-se com a gestão de expectativas e com o tempo necessário para construir uma equipa competitiva.
Mas será essa versão ponderada suficiente para um Benfica que tem mostrado sinais de fragilidade? O empate frente ao Gil Vicente deixou claro que a equipa precisa mais do que estabilidade: precisa de liderança forte, de um choque de energia e de alguém que volte a agitar as águas.
A verdade é que o Benfica parece carecer de um treinador que não apenas organize, mas que também inspire respeito, medo e confiança em doses iguais. É por isso que muitos adeptos acreditam que o clube precisa, mais do que nunca, do Mourinho arrogante — aquele que não hesitava em dizer “vamos ser campeões” e em transformar essa fé em realidade.
O tempo dirá se o Mourinho maduro conseguirá igualar o impacto do revolucionário do passado. Mas, para já, fica a sensação de que um pouco da sua antiga arrogância faria muito bem às águias.