O Benfica chegou a Amesterdão carregado de pressão e consciente de que a margem de erro era zero. Mourinho foi claro antes da partida: havia uma grande diferença entre querer ganhar e ter mesmo de ganhar. E o encontro com o Ajax encaixava precisamente nessa segunda categoria. Uma verdadeira final em novembro, frente a um histórico europeu igualmente fragilizado mas sempre perigoso no seu território.

A entrada em jogo revelou um Benfica determinado, agressivo e disposto a marcar cedo para não deixar o ambiente crescer contra si. O sistema de quatro defesas devolveu consistência e permitiu maior equilíbrio nos momentos de transição. Barreiro destacou-se desde cedo, tanto na profundidade como no apoio a Pavlidis, mostrando presença constante na frente.

 

O golo inicial surgiu de forma natural: canto batido, Ríos volta a aparecer nas zonas de decisão e Dahl assina um remate vistoso que silenciou o estádio. Por instantes, o Benfica pareceu capaz de ampliar a vantagem, mas o Ajax reagiu com força, explorando as suas alas rápidas e a presença física de Weghorst. A defesa encarnada foi obrigada a trabalho extra e a vantagem mínima trouxe inquietação até ao intervalo.

A segunda parte começou com mais sobressaltos. O Ajax criou duas oportunidades consecutivas que deixaram clara a necessidade de o Benfica recuperar o controlo emocional. A equipa manteve-se subida, mas faltava clareza com bola e profundidade no ataque, o que empurrava algum nervosismo para o lado português.

Com o passar dos minutos, o Benfica estabilizou. Recuperou posse, afastou o jogo da sua área e começou finalmente a condicionar o adversário. O momento decisivo chegou pela ligação entre duas das figuras mais consistentes da noite: Aursnes trabalha o lance e Barreiro aparece no sítio certo para sentenciar o jogo. Um golo tão importante quanto libertador para uma equipa que precisava urgentemente de vencer.

Foi uma vitória sofrida, emocional e cheia de desgaste, mas que devolve confiança e afirmação. E a sensação que ficou no final, dentro e fora de campo, é simples: quando é para decidir, o Benfica ainda sabe impor respeito. Uma espécie de mensagem para a Europa e para os críticos — “Quem manda aqui somos nós”.

No contexto interno, o triunfo encarnado surgia dias depois de uma vitória pouco brilhante na Taça de Portugal frente ao Atlético, onde o destaque maior foi Rodrigo Rêgo, uma agradável surpresa. O sistema testado no Restelo não convenceu, e Mourinho não hesitou em regressar ao modelo mais seguro para Amesterdão.

A ronda da Taça voltou ainda a mostrar o valor das equipas mais modestas. Clubes como Fafe, Caldas e Vila Meã ganharam protagonismo, reforçando uma vez mais a magia da competição e o espírito de resistência que caracteriza as divisões inferiores.

A fechar, não passou despercebido o debate contínuo em torno de Cristiano Ronaldo. Entre polémicas políticas e críticas à sua presença em ambientes duvidosos, CR7 responde da forma que sempre o distinguiu: com golos que desafiam a lógica. O recente acrobático que marcou voltou a dividir opiniões, mas sobretudo voltou a lembrar ao mundo que os grandes nunca deixam de surpreender.

By Paulo

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