O FC Porto de Francesco Farioli já não é o mesmo que deslumbrou no arranque da época. O fulgor e a energia que caracterizavam os primeiros jogos deram lugar a partidas sofridas, onde a equipa luta até ao último segundo para encontrar soluções. O que antes era pressão alta e domínio absoluto, hoje parece uma tentativa hesitante de desbloquear defesas fechadas.

Apesar dos bons resultados e da liderança na tabela, as exibições recentes levantam dúvidas. O próprio técnico italiano reconheceu que «é hora de descobrir novas soluções» — uma frase que diz muito sobre o momento que atravessa.

Em Moreira de Cónegos, onde os dragões venceram graças ao golo tardio de Deniz Gul, foi o banco a resolver o jogo. Rodrigo Mora e William Gomes trouxeram nova vida ao ataque e mostraram que há alternativas dentro do plantel. No entanto, depender sempre da inspiração dos suplentes não é uma fórmula sustentável a longo prazo.

Os adversários voltaram a ter medo do FC Porto, disse Farioli, tentando ver o lado positivo. Mas a verdade é que o choque inicial que o seu modelo causava nos rivais parece ter-se dissipado.

O trabalho de Farioli tem sido meritório: em poucos meses, construiu uma equipa competitiva, com uma ideia de jogo clara e um grupo unido. Mas se Alan Varela continuar facilmente bloqueado, Froholdt correr sem eficácia e os laterais perderem influência, o dragão pode começar a ressentir-se.

O treinador sabe que precisa de evoluir o modelo tático, sobretudo contra equipas que jogam com linhas baixas. Os próximos desafios — SC Braga, Utrecht e Famalicão — serão testes decisivos para perceber se o Porto continua no caminho do sucesso ou se precisará de reinventar-se.

Por agora, a confiança dos adeptos mantém-se, mas a chama que incendiava o relvado parece mais ténue. Farioli tem a equipa, o talento e o apoio. Falta-lhe, talvez, o elemento mais difícil: surpreender outra vez.

By Paulo

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