O despedimento de Bruno Lage trouxe à tona um ponto essencial no discurso de Rui Costa: afinal, a continuidade do treinador estava em risco desde o final da época passada. A revelação feita pelo presidente na noite da saída do técnico deixa implícito que a decisão de mantê-lo não foi baseada em convicção absoluta, mas antes em circunstâncias excecionais que o Benfica atravessava naquele momento.
Rui Costa justificou a continuidade de Lage com a ausência de alternativas e a exigência de enfrentar um calendário sobrecarregado: Mundial de Clubes, Liga dos Campeões, campeonato e Supertaça. Perante tamanha pressão e pouco tempo de preparação, o presidente considerou que a estabilidade era preferível à mudança. Mas, ao assumir isso, deixou também claro que não via no treinador uma aposta segura e de longo prazo.
O problema, agora evidente, é que esse “erro de casting” acabou por se repetir. Lage entrou fragilizado na época, dependente dos resultados imediatos, sem margem para falhar. Dois tropeços bastaram para precipitar a sua saída, num filme semelhante ao vivido anteriormente com Roger Schmidt.
A decisão de manter Lage apenas pela conjuntura reforça a ideia de que o Benfica vive preso a reações e não a uma estratégia clara para o futuro. Rui Costa salvou a entrada na Champions, mas fê-lo adiando uma decisão que, inevitavelmente, acabaria por chegar. Agora, com a temporada em andamento, resta perceber se a mudança técnica chega a tempo de evitar que o clube repita os erros recentes.