Quando Viktor Gyökeres deixou o Sporting, muitos previram um vazio difícil de colmatar. Afinal, o sueco saiu como um dos melhores goleadores da história recente do clube, com 97 golos em 102 jogos. Mas o que poucos esperavam aconteceu: o leão não só manteve a pegada ofensiva… como ficou ainda mais imprevisível e coletivo.

Um terço do campeonato depois, o tema “falta que Gyökeres faz” parece já ter desaparecido do vocabulário leonino. A chegada de Luis Suárez e Fotis Ioannidis foi encarada como um desafio complicado — substituir um gigante nunca é tarefa fácil — mas ambos agarraram o lugar com personalidade, eficácia e confiança.

Ataque renovado e mais distribuído

Luis Suárez é, até ao momento, uma das grandes figuras da época, somando oito golos em todas as competições. Ioannidis, com menos minutos, tem sido um complemento valioso no ataque. Mas a verdadeira surpresa é a forma como os golos estão a ser distribuídos.

Pedro Gonçalves, com nove golos, lidera a lista. Trincão, mais influente do que nunca, já faturou cinco. A soma de individualidades fortes, aliada a um ataque mais partilhado, fez do Sporting a equipa mais eficaz da Liga: 27 golos marcados, remates de todos os ângulos e oportunidades criadas em série.

O sistema mudou — e isso mudou tudo

A mudança para o 4-2-3-1, implementada por Rui Borges, também é apontada como decisiva. O jogo deixou de ser tão dependente das arrancadas de Gyökeres, passando a assentar num futebol mais apoiado, mais criativo e com maior circulação.

Segundo Luís Martins, antigo coordenador da formação leonina, “o Sporting está mais coletivo”, com protagonistas diferentes a emergir em cada jogo. O ataque vive agora de dinâmicas variadas, assistências inesperadas e imprevisibilidade.

Formação a aparecer — mas ainda com contas a ajustar

A Taça da Liga abriu portas a novos talentos, com Salvador Blopa a brilhar ao bisar na estreia pela equipa principal. A aposta na formação continua, embora Luís Martins alerte que ainda não surge um titular consistente vindo da academia há alguns anos, com exceção de Quenda e Catamo.

Hjulmand: o capitão em quebra?

Nem tudo são elogios. Morten Hjulmand, totalista da época, está a ser apontado como “abaixo do rendimento esperado”. Menos participativo no ataque e mais preso ao papel defensivo, o dinamarquês parece, segundo Luís Martins, um jogador com a cabeça “a pensar noutras ambições”.

Ainda assim, jovens como João Simões começam a assumir espaço e equilibrar o meio-campo.

By Paulo

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